segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sabor do Pecado...

Tens um odor encantado,
Meu objeto adorado,
Colibri dos dias meus...
Se me beijas como à flor,
Eu me entrego com ardor
Ao sabor dos lábios teus.

Nosso caso, apimentado,
Com tempero de pecado,
Transborda em excitação.
No vai-vem dos nossos laços,
No roçar de nossos braços,
Explode esta relação.

O momento mais bonito
É quando vibro e grito
De tanta satisfação...
Nada embota este prazer
Que é a ti pertencer,
Corpo, alma e coração...


Piero Valmart



Hábitos de Amar

Não é exato que o prazer só perdura.
Muita vez vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
É aquilo que a nossa atracção segura:

O frêmito do teu traseiro há muito
A pedi-las! Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz venturas mil,
Que a tua voz presa exija o desfruto!

Esse abrir de joelhos!
Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta
Que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear lasso!
As mãos a buscar--Me.
Tua a sorrir!
Ai, vezes que se faça:
Não fossem já tantas,
não tinha tanta graça!


Bertold Brecht


Tentação

Não me tente, ó menina,
Com essa beleza divina
Que me mostra, quase nua...
Não me tente, que enlouqueço,
E dos pudores esqueço,
Ante o que me insinua...

Há tempos que a desejo,
Sonho doido com seu beijo,
Sua boca de sedução...

E agora a vejo assim,
Projetar-se sobre mim,
Com tanta provocação...

Se me tenta, desejosa,
Qual uma gata manhosa,
Com tanta desfaçatez,
Vou deitá-la sobre a relva
E qual as feras na selva,
Possuí-la de uma vez!

Piero Valmart





domingo, 22 de julho de 2012

Erotismo e Sensualidade

Prova-me, saboreia-me, sente-me
Estes lábios que procuram os teus
Estas mãos que se querem entrelaçarem nas tuas
Este corpo que quer sentir o teu
Sentir o teu cheiro, tocar a tua pele
Prova-me, saboreia-me, sente-me
Prova os meus lábios, a minha língua
Saboreia o meu aroma, o meu prazer
... Sente o meu calor, a minha loucura
Não tenhas medo de ti, não tenhas medo de mim
Entrega-te a minha vondade, uma vontade comum
Prova-me, saboreia-me, sente-me
Quero ver o teu sorriso, sentir o teu olhar
Que me despe, que me possui, que me consome
A minha imaginação flui, o meu desejo aumenta
A tentação que és, a mulher intensa, que desejo
O teu cheiro a canela, a teu sabor a mentol
Quero-te em mim, quero-me em ti
Quero sentir o teu olhar quente, quero teu beijo doce
Prova-me, saboreia-me, sente-me
Sente o meu toque, a minha paixão
Deitar-te na cama, acariciar o teu corpo
Sentir os teus seios que me querem
O teu corpo que vibra no meu
O teu respirar ofegante, a tua loucura que é a minha
Atingir o orgasmo contigo, gemer para ti
Gemer contigo, sentir o teu vibrar
Somos o desejo, somos a loucura, somos uma vontade só
Prova-me, saboreia-me, sente-me

João Carlos Aleixo
“Em Devaneios”

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Para a mulher da minha vida

Quem sou eu?
Sim, quem sou eu?
Sou tudo
menos aquilo que ambicionava ser
gostava de viver e vegeto
os ideais têm morrido aos poucos
a revolta surgiu no coração meu
aquela alegria
que me fazia trazer em cada dia
um constatnte sorriso nos lábios
alegria?
Quem fala de alegria
não posso não devo
porque essa ilusão esvaída
morreu também no coração meu
mas quando amanhã,
a dor da morte estiver prestes
não seria mais resignado
perguntar-te-ei ainda amor
sabes por fim quem sou?
Uma pobre alma que te amou!

incógnito

Não sei viver sem ti meu Amor

Nas janelas deste meu Outono,
batem as gotas de chuva que hoje
caem dos meus olhos. Chovem
desejos no meu desespero, e as
folhas secas das nossas carícias
cobrem o chão do caminho que
seguiste.
Perdi-te. Não sei de ti. Sei apenas
que partiste. E, se a princípio
as manhãs acordavam quase iguais,
a pouco e pouco o silêncio pesava
cada vez mais.
Hoje, estou só. Tenho medo. E
nesta canção de Outono, nesta
carta que escrevi quero dizer-te
em segredo - que já não sei viver
sem ti!..
Tu és neve em Agosto,
tu és chuva no meu rosto.
Tu, meu poema de amor, meu fogo,
minha dor!
Tu és sábado sem mim
tu, és feito só para mim, tu partiste
e eu morri.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

De que substância foste modelado,
Se com mil vultos o teu vulto medes?
Tantas sombras difundes, enfeixado
Num ser que as prende, e a todas sobre excedes;

Adônis mesmo segue o teu modelo
Em vã, esmaecida imitação;
A face helênica onde pousa o belo
Ganhou em ti maior coloração;

A primavera é cópia desta forma,
A plenitude és tu, em que consiste
O ver que toda graça se transforma

No teu reflexo em tudo quanto existe:
Qualquer beleza externa te revela
Que a alma fiel em ti acha mais bela.


Wiliam Shakespear